Saturday, October 13, 2007

Menos um ícone


Você teve ícones na sua vida? Certamente, não é?
Eu tive alguns na minha também. Quando criança sentia como se fossem imortais, patrimônio da humanidade, sei lá. Nunca parei para pensar que algum dia algum deles não estaria lá, nos noticiários, nas revistas, etc. Até que com o tempo um a um eles estão partindo. Aliás, acho que é nesse momento que nos tornamos adultos, quando percebemos que eles são mortais e nos deixarão gradualmente.
O primeiro de que me dei conta foi Freddy Mercury, então foram os outros... Ayrton Senna, Renato Russo, Frank Sinatra, João Paulo II, princesa Diana, Rômulo Arantes, Cazuza, etc etc etc etc etc etc. Muitos não tinham quase significado algum para mim. Eu não era um fã, era apenas alguém que se entendeu por gente já os conhecendo e por isso pensava que fossem imortais.
Mais recentemente mais dois desses ícones se foram: Luciano Pavarotti e Paulo Autran. Este último sim me deixou triste, era um ícone forte. Até por ter feito em uma minissérie um papel que muito me lembrou um amigo idoso, que a esta altura pode também já ter nos deixado.
Espero ter tempo de trabalhar no futuro próximo com dois desses ídolos: Isaac Bardavid e Orlando Drummond, dois dos maiores atores dubladores que esse país já teve. Por favor, não partam sem trabalhar comigo antes rsrs. Abraço.

TROPA DE ELITE


Valeu a pena ter resistido. Por três vezes estive a menos de um metro de uma cópia pirata de Tropa de Elite, em todas ouvi algum amigo perguntando "quer ver?". Pois é, não vi! Não por ser certinho, por acreditar que pirataria é crime, bla-bla-blá. Crime é insistir com certos modelos industriais arcaicos que já morreram e ainda não foram enterrados, mas deixemos isso pra lá. Não vi por quê minha paixão é o cinema e nada melhor que ver um bom filme naquela tela gigante, isso sim que é bom. Pois bem, vi Tropa de Elite trinta minutos atrás no recém inaugurado Cinemais do Shopping Millenium em Manaus (que diga-se de passagem... "que sala", nóooosssss...) e valeu a pena esperar. Simplesmente um dos melhores filmes do ano incluindo os de Hollywood. Que fotografia, que trilha, que edição, que roteiro.
Não tem mais o que comentar, tem que ser indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, aquele mesmo que quer dizer "melhor filme de fora da nossa festinha privada em Hollywood" e que muitas vezes realmente diz "não ganha por quê não é americano". Filmaço.

Tuesday, January 16, 2007

Na infância e adolescência tive dois grande ídolos, dois grandes heróis que me forneciam valores para a vida além daqueles que recebia da minha família: Ayrton Senna e Rocky Balboa. A geração de hoje pouco se lembra de cada um deles, mas os valores que eles me transmitiram estão comigo no dia-a-dia ainda hoje. Senna a despeito dos sete títulos de Michael Schumacher ainda é para mim o maior piloto de todos os tempos, assim como para a maioria dos que amam o automobilismo. Já Rocky... o que falar de Rocky?
Falar de Rocky não é falar apenas do pugilista fictício, mas também do ator que o criou e assim construiu o próprio sucesso. Rocky "é" Sylvester Stallone e acompanhou o ator por toda a sua carreira. Foi com Rocky que Stallone conseguiu o estrelato e um oscar no fim dos anos 70 e entrou para o hall dos grandes nomes de Hollywood. Foi com Rocky II e Rocky III que Sly viu o auge da sua fama no início dos anos 80. Foi com Rocky IV que ele sentiu o peso do marketing da indústria, que transformou o drama do seu personagem em um mero instrumento de propaganda política dos EUA contra a URSS (extinta União Soviética). E foi com Rocky V que o ator iniciou sua descida despenhadeiro abaixo pela abismo do esquecimento. Para os que amam a série como eu, pensar que a franquia Rocky havia sido fechada com o catastrófico Rocky V chegava a magoar. Não era justo nem com o personagem, nem com o ator. Há pouco mais de um ano quando soube das intenções de Sly de filmar Rocky Balboa (ou Rocky VI, como preferirem), ao contrário da maioria não o critiquei e nem o ridicularizei. Pois bem, pela primeira vez em mais de 10 anos vejo o nome de Stallone novament eem um grande filme, e mais uma vez é Rocky.
O filme é honestíssimo. Para os nostálgicos como eu os primeiros minutos são muito emocionantes. O velho Paulie continua o mesmo e sabe-se lá por quê Rocky insiste em ter paciência com ele. Rocky tem um bem sucedido restaurante que parece ser até demais para o caráter do pesonagem tão desapegado as coisas materiais. Rocky visita a antiga pista de patinação onde conheceu Adrian, o antigo local de treinos, ruínas das memórias de uma vida que o tempo fez passar. Sinceramente, você nunca viveu nada assim? Se não, viverá. Eu mesmo costumo visitar locais que marcaram meu passado e só não vou confessar chorar aqui para me dar o direito de alguma privacidade.
O filme não é apelativo. Não há um super oponente com um soco capaz de derrubar um T-Rex, nem um moicano negro cheio de correntes no pescoço cuspindo enquanto fala na cara de Rocky. Há apenas o drama interno de um homem que tem dentro de si a alma de um lutador, a ânsia pela vitória e pela superação. É um filme sobre um homem simples tentando ser ele mesmo. Enfim, até daria para descartar o quarto e quinto filmes da série e transformar Rocky I, Rocky II e Rocky Balboa em uma trilogia brilhante. Mas tenhamos paciência, afinal Rocky IV não foi ruim, apenas fugiu ao espírito da série.
A luta continua perfeita. Sim, muito mentirosa! Homem nenhum aguenta dois socos seguidos daqueles sem cair, mas Stallone continua fazendo a mais empolgante e bem feita luta de boxe da história do cinema. Ninguém jamais chegou e talvez jamais chegará perto dele nesse quesito. Desafio você a não estalar os dedos, balançar as pernas ou roer as unhas vendo a luta.
O final é digno de Rocky Balboa. No último filme assim como no primeiro, Rocky perde a batalha mas ganha moralmente. O campeão Mason Dixon não é um anti-herói, apenas um lutador em um tempo sem grandes oponentes. Ele chega a ser respeitoso com Rocky e no final de uma grande luta reconhece o valor do velho ex-campeão. Quando o último sino toca o que se vê são dois gigantes trocando socos freneticamente. Um filme que redime e lava a honra do herói criado por Sylvester Stallone e talvez a dele própria.
Após ver Rocky Balboa só posso garantir uma coisa... esperarei pelo fim das filmagens de Rambo IV.

Friday, January 12, 2007

Prostituicionamento profissionalítico


Existem dois tipos básicos de profissionais. Os que amam a sua profissão e os que amam o dinheiro que ela pode lhes trazer. Eu sou do primeiro tipo e isso já basta para me impor uma série de regras sobre ética e moral sobre aquilo que faço.

Ontem paquerando alguns DVDs na Bemol do Millenium aqui em Manaus dei de cara com uma título infantil chamado "Carrinhos". Todos sabem que meu objetivo maior é um dia poder viver de animação para cinema, não importa se na Pixar ou na Pixaim, mas por mais que eu deseje isso jamais aceitaria trabalhar em um projeto que se resumisse em um plágio a outro trabalho qualquer. "Carrinhos" é plágio de "Carros" da Pixar. O traço é o mesmo, o estilo é estupidamente copiado e a história deve ter pontos parecidos, obviamente tudo com uma qualidade enormemente inferior. Não é atoa que equanto o DVD de Carros custa R$ 44,00 o de Carrinhos custa R$ 13,00.
É nessa linha que vem aos cinemas a animação "O mar não está pra peixe", copia deslavada de "Procurando Nemo" em todas as suas personagens; e por aí também veio a malfadada animação "Selvagens" da Disney plagiando Madagascar da DreamWorks.
Meu novo curta é um trabalho independente, que está nascendo com muito sacrifício e jogo de cintura ao longo de meses e meses de trabalho e da colaboração de amigos que investiram como eu no sonho de fazer cinema de animação. Até aqui ele não me deu dinheiro algum e talvez jamais venha a dar, mas durmo todas as noites com a consciência tranquila pelo fato de ser uma história original, nascida inicialmente pelas minhas idéias e posteriormente aperfeiçoada ao máximo pela criatividade do grande Rodrigo Castro, que é quem assina o roteiro de Mapinguari.
Se um dia eu me curvar ao dinheiro e desenvolver algo plagiando o trabalho de alguém, você que lê esse post tem todo o direito de imprimí-lo e esfregá-lo na superfície frontal craniana a qual chamo "cara".

Monday, January 8, 2007

O CONTO DO ARAGÃO

Fim de semana tradicional, sábado com a família, domingo passando sem novidades... Bom, o jeito é encarar um cinema para registrar para a posteridade que "houve" um final de semana. Como o período de Natal é destrutivo para as salas de cinema no mundo inteiro, a opção de filmes driblando Xuxa, Didi, Esqueceram de mim/da gente em algum lugar ou Mamãe esqueci/encolhi/estiquei/perdi algo em algum lugar ficam escassas, e foi nessa situação que eu e a Sra Castro (sim, ela encarou junto) entramos na sala 4 do Cinemais TVLândia Mall (mau) para assistir Aragão.

Os primeiros dez minutos dão a tônica do filme. Uma introdução estilo Lord Of The Rings para contar a história por trás da história, a origem de tudo, enfim, o motivo pelo qual a história irá se desenvolver pelos próximos minutos mostrando um garoto camponês tentando esconder um viagra gigantesco de um grupo de "orcs" que receberam outro nome só para não parecerem plágio (mas os elfos e anões são citados).

Então lá pelos tantos minutos de filme surge Saphira, a melhor personagem de todo o filme. Dublada desastrosamente mal na versão em português (e olha que sou fã de carteirinha da dublagem brasileira) a dragão, ou dragoa, ou draga, ou dragona, ou drag (não queen) é com e sem vicente em todas as aparições que aparece, mostrando competentemente que a equipe de CG do filme foi muito bem escalada.

Pontos fortes do filme: Saphira e só ela. Procure não ouvir a dublagem da drag caso assista a versão dublada e de preferência focalize seus olhos apenas nela.

Pontos fracos do filme: Roteiro, direção, fotografia, trilha sonora e elenco incluindo os apagados Jeremy Irons (Jeremias Irônico) e John Malkovich (João Mal-comido).

Pontos no-sense do filme: A morte de Jeremy Irons de forma despropositada. Quase deu pra ouvir ele dizer "tenho que morrer por quê meu cachê não cobre mais aparições no filme".

Pontos cômicos do filme: (1) Como Saphira esperou mil anos pelo seu cavaleiro (ou seria dragoeiro?) se os drãgos haviam morrido há apenas alguns anos? (2) Quem botou o viagra de onde Saphira (Jandira) nasceu, e como ele foi chocado? (3) Somente um dragão antes de Jandira havia sobrevivo, o do Albatróx, certo? E por quê diaxos o rei mantinha seu dragão "preso" atrás de uma "cortina"? E por que cargas dágua no momento de soltá-lo ele simplesmente não abriu a cortina ao invés de cortá-la com uma espada? Heim? Heim? (4) Por quê os montadores de dragão trazem um "meio-arroba" nas mãos? Haaaa! Lembrei! Eles recebem um alerta luminoso de "tem uma nova mensagem para você" nas mãos quando estão em perigo. (5) Como o loirinho mocinho penteadinho do filme aprendeu todas as magias com apenas duas aulas sobre palavras élficas do tipo "bleuzius bleuzius", "poderium ratiofláivius", etc e tal?

Obs: Uma coisa serviu no filme: As ótimas referências de floresta para meu trabalho no meu novo curta em estágio de produção.